O ex-secretário de Estado da Administração Local, Hernâni Dias, garantiu que não informou o primeiro-ministro Luís Montenegro nem o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Castro Almeida, sobre a criação de duas imobiliárias, uma delas sediada na Maia, na Urbanização Quinta do Mosteiro.
Hernâni Dias foi ouvido esta segunda-feira, dia 3 de fevereiro, na Assembleia da República, no âmbito da Comissão de Poder Local e Coesão Territorial, a pedido do Bloco de Esquerda. Durante a audição, o ex-governante afirmou que “ninguém sabia daquilo que eu estava a fazer”, garantindo que não houve qualquer aproveitamento das empresas para negócios relacionados com a sua função pública.
As imobiliárias foram criadas depois de Hernâni Dias ter tomado posse no Governo, em abril de 2024. Segundo o próprio, antes da sua constituição, pediu informações à Autoridade para a Transparência, que o informou sobre as limitações legais: não podia ser sócio-gerente nem deter mais de 50% do capital das sociedades. As empresas, segundo explicou, foram criadas para gerir duas casas na aldeia, recuperadas para turismo, e não adquiriram terrenos.
A polémica surgiu depois de o Jornal de Notícias ter revelado que Hernâni Dias era sócio, juntamente com a mulher e os filhos, de uma sociedade imobiliária sediada em Bragança, que detinha 50% de uma segunda empresa na Maia. Esta última está registada na Urbanização Quinta do Mosteiro, Rua José Estêvão, em Moreira. No entanto, a segunda imobiliária não constava na declaração de interesses entregue à Entidade da Transparência, sendo que a outra sócia da empresa era uma menor de idade.
Face à revelação, Hernâni Dias apresentou a sua demissão, aceite na terça-feira passada pelo primeiro-ministro. Esta foi a primeira saída de um membro do Governo de Luís Montenegro, que tomou posse a 2 de abril do ano passado.