Uma das mais recentes novidades da “geringonça” é uma eventual proposta de lei que visa proibir jogos de futebol em dia de eleições. Confesso que pensei tratar-se de mais uma “fake news” tão em voga por estes tempos, mas infelizmente não, esta ideiazinha passou mesmo pela cabeça dos nossos dirigentes políticos.
Proibir o que quer que seja para que disso resulte uma maior participação eleitoral é uma visão ditatorial do problema. Já que é para proibir, ou por outras palavras impôr, então que instituam o voto obrigatório, não é que eu concorde, mas aí não restavam duvidas sobre futuras participações eleitorais. Convém que os nossos governantes entendam de uma vez por todas a problemática da abstenção, que está fundamentada acima de tudo no desinteresse que os cidadãos demonstram para com as questões políticas.
Veja-se o que se passa por todo o país nos meses que antecedem as eleições, entre obras desmedidas, a visitas a instituições que só acontecem em ocasiões eleitorais, há um pouco de tudo. A paisagem das cidades transfigura-se de um dia para o outro e somos invadidos por cartazes com múltiplas promessas. Os políticos insistem nesta receita e depois lamentam-se da elevada taxa de abstenção.
Os portugueses estão mais esclarecidos e já não embarcam em promessas desmedidas, em vícios de poder, esferográficas, bonés e porcos no espeto. Uns cumprem o seu dever cívico e votam em consciência, outros porém ponderam se vale a pena despenderem do seu tempo para votar, evidentemente que o voto é livre, e esse é o encanto do regime democrático, sendo que é legitimo não votar, e mais, a abstenção tem uma leitura política muito embora os políticos não a queiram fazer.
Compreendo que um governo que governa sem que tenha sido eleito, tenha medo das próximas eleições e tente condiciona-las. Voltando ao tema em questão, proibir acontecimentos desportivos em dia de eleições levanta algumas questões, primeiro o da desigualdade, porquê proibir jogos de futebol e não todos os acontecimentos desportivos, religiosos e quiçá familiares? Que estudos o governo possui que relacionam a abstenção com jogos de futebol? Outro assunto que se levanta prende-se com o calendário de jogos internacionais, neste caso como se aplicará a lei? Penso que um bom almoço de domingo em família seguido de uma tarde enfiado no sofá a ver filmes, é mais limitador da participação eleitoral que um jogo de futebol. Talvez fosse útil condicionar o calendário eleitoral ao “AccuWeather”, votar em dias de chuva é obra, e a proibir proíbam futebol em dias frios e chuvosos. A proibição é sintomática do regime que temos, não tardará muito e assistiremos a recomendações da comissão nacional de eleições às paróquias para que as procissões sejam limitadas em dias eleitorais e a acontecerem só depois das 19 horas. Proibir para estimular a participação é completamente contraproducente. Termino com espectativa que esta ideia peregrina dos nossos governantes não vá avante e deixo um apelo à participação de todos nas próximas eleições do dia 1 de Outubro.
Nunca duvidem que o voto é a força de uma nação e o poder mais elementar dos cidadãos para a construção do seu país.
Patrícia Sá Carneiro.
1 comentário
Estou de acordo com a opinião da Patrícia. Não me vou alongar muito, mas o que aconteceu hoje dia de eleições nas escolas da Maia foi vergonhoso, em frente ás escolas local de voto como sabe existem os pavilhões desportivos, ginásio, e o novo “parque de skates?” todos em plena atividade, não havia um único lugar para estacionar depois de 4 voltas ao quarteirão, tive de decidir ou votar no candidato que não queria ou não votar. Decidi não votar. Sim porque considero que a responsabilidade cabe à Camara Municipal. o que quero opinar é não autorizar esse tipo de eventos tão próximo dos locais de voto.