Durante uma reunião secreta em janeiro entre o Partido Socialista (PS) e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, foram combinadas perguntas e respostas para a audição da ex-administradora na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no Parlamento.
Documentos obtidos pela SIC comprovam que tudo foi acordado previamente. Nas mensagens do WhatsApp entre o ministro João Galamba e seu adjunto Frederico Pinheiro, é possível ver que Galamba autorizou que Christine Ourmières-Widener participasse da reunião secreta dois dias antes da audição.
O adjunto coordenou a reunião e enviou notas com as perguntas que o deputado socialista Carlos Pereira deveria fazer na audição. As respostas também foram acordadas previamente.
A SIC afirma que questionou o governo sobre o assunto, mas recebeu apenas uma resposta reiterando um comunicado anterior que afirmava que a ex-CEO da TAP tinha pedido a reunião com os deputados do PS.
Conheça as perguntas e as respostas, alegadamente combinadas, avançadas pela SIC:
As perguntas (combinadas) de Carlos Pereira
- Que razões levaram à saída de Alexandra Reis?
- Que funções tinha?
- Esteve envolvida nos processos de reestruturação, nomeadamente salários?
- A relação entre o CEO da TAP e a legalidade de indemnização?
- Contratação da SRS porquê? Já trabalhava para a TAP?
- O departamento jurídico acompanhou? Fez algum alerta?
- Comunicação entre chairman e CEO?
As respostas (combinadas) da ex-CEO da TAP
- Sobre as razões da saída da Alexandra Reis: há divergências sobre a implementação do Plano de Reestruturação. Tem de haver um alinhamento de posições.
- Não há nada pessoal, isso é chocante até pensarem nisso.
- Sobre comunicação com Governo, enviámos tudo para IGF [Inspeção-Geral das Finanças], comunicações escritas entre mim e o Governo.
- Enviei comunicações para HM [Hugo Mendes – antigo secretário de Estado de Pedro Nuno Santos].
- A Sociedade Rebelo de Sousa já estava a trabalhar com a TAP.
- Chairman esteve sempre envolvido e disse-me que falou com o Governo. Ele assinou o documento.
- O Departamento jurídico TAP não acompanhou as negociações.
- Não podíamos ter feito isto sem o ok do acionista, deixaram de fora os advogados TAP por causa dos conflitos de interesse e confidencialidade.