Em carta aberta assinada por vários militantes do PS, incluindo o atual presidente da Junta de Freguesia de Águas Santas, os socialistas da Maia afirmam não existirem condições para coligação com o JPP.
A Comissão Permanente, órgão nacional, puxou a si a indicação do candidato do PS à Câmara da Maia e ignorou o nome escolhido pela concelhia maiata. Teresa Almadanim foi preterida por Francisco Vieira de Carvalho e o processo caiu muito mal na concelhia maiata.
Depois de Teresa Almadanim se ter afastado do processo assim que soube da decisão da Nacional e de Mário Gouveia, que seria o candidato à Junta de Freguesia da Cidade da Maia, declarar estar indisponível para este PS, agora é a vez de vários militantes, entre os quais o atual presidente da Junta de Freguesia de Águas Santas, única freguesia da Maia liderada por um socialista, reagir contra a avocação.
A carta, assinada por militantes com responsabilidades no PS na concelhia maiata, começa por afirmar que elegeram “com toda a legalidade estatutária, uma candidata, a Dra. Teresa Almadanim, uma distinta cidadã, com um curriculum relevante”, que foi apresentada pelo “Dr. Manuel Pizarro, como a CANDIDATA DO PS às Eleições Autárquicas, na Maia”, tendo sido aprovada pelo próprio e por alguns elementos do seu Secretariado.
“Todo o trabalho de candidatura da Dra. Teresa Almadanim, foi articulado entre o Presidente da Concelhia da Maia, a candidata e o Presidente da FDP, em diversas reuniões. Incluindo uma recente ida a Lisboa, em que os três reuniram com a Comissão Permanente”, afirmam.
Consideram que “os quatro fundamentos apresentados para justificar a Avocação são imprecisos, injustos e inaceitáveis” e que Francisco Vieira de Carvalho “foi sempre de um total distanciamento para com os órgãos do Partido Socialista da Maia, colocado numa posição secundária e em inferioridade perante o JPP”.
Para estes militantes do Partido Socialista e Juventude Socialista “o JPP, na Maia, é “uma barriga de aluguer “onde se acoitaram conhecidos ex militantes do PSD e do CDS locais, que não viram satisfeitas as suas ambições políticas nesses partidos e encontraram no PS uma ponte para os seus projetos pessoais. Na realidade a sua expressão é nula, tendo nas últimas Legislativas obtido na Maia, 145 votos”.
Sublinham ainda o episódio em que Jaime Pinho, vereador eleito pelo JPP, insulta uma deputada municipal do PS, em direto na sessão solene do 25 de abril de 2021, e alguns casos que envolveram Francisco Vieira de Carvalho, destacando a derrota nos tribunais no caso Tecmaia e lembram uma “uma disputa judicial com uma construtora sobre comissões por angariação de obras, considerado devedor, tendo o tribunal qualificado a sua atuação “próxima do tráfico de influência”.
“Neste contexto, a Direção e os Militantes do PS da Maia, entendem NÃO HAVER CONDIÇÕES para manter uma coligação e um parceiro que, além de nada acrescentar, ainda nos insulta”, pode ler-se.
Rematam pedindo a “solidariedade dos camaradas que formam a Comissão Política Distrital, ao seu Presidente, ao Presidente da FDP e respetivo Secretariado, para que façam uma apreciação mais atenta sobre o processo da Candidatura do PS à Câmara da Maia e a sua Avocação”, e pedem respeito.
Leia aqui a carta na íntegra:
“Somos militantes do Partido Socialista, na Maia, a maioria de nós com muitos anos de filiação ao serviço do PS. Vimos desta forma, ordeiramente, apelar à vossa solidariedade, face à injustificada Avocação de que a nossa Concelhia foi alvo, no processo Autárquico.
Em 01 de Fevereiro de 2020 ganhámos as eleições internas com uma Moção de Estratégia que apontava a afirmação do PS com candidatura própria, nas próximas Autárquicas. Correspondendo ao desafio do Presidente da Federação Distrital do Porto, elegemos, com toda a legalidade estatutária, uma candidata, a Dra. Teresa Almadanim, uma distinta cidadã, com um curriculum relevante, que rapidamente obteve a simpatia e o apoio dos militantes e dos cidadãos maiatos, em geral.
Aquando da inauguração da Exposição na FDP, foi apresentada aos presentes, que enchiam a sala, pelo Dr. Manuel Pizarro, como a CANDIDATA DO PS às Eleições Autárquicas, na Maia. Sabemos, igualmente, que o seu nome obteve a aprovação, não só do Presidente da FDP, mas também de alguns membros do seu Secretariado.
De resto, todo o trabalho de candidatura da Dra. Teresa Almadanim, foi articulado entre o Presidente da Concelhia da Maia, a candidata e o Presidente da FDP, em diversas reuniões. Incluindo uma recente ida a Lisboa, em que os três reuniram com a Comissão Permanente.
A semana seguinte foi marcada pelos episódios da candidatura ao Porto, nada sendo dito sobre o processo Autárquico da Maia, mas sendo nossa expectativa um trato igual. Assim, fomos surpreendidos, no passado dia 20 de Junho, pela Deliberação da Comissão Permanente do Secretariado Nacional, com a AVOCAÇÃO da candidatura do PS à Maia, comunicada às 23h30 de um domingo.
Essa DELIBERAÇÃO refere a existência de uma “apreciação coordenada, conjunta e articulada entre os órgãos da FDP e a Direção Nacional“, colocando em causa a postura do camarada do Presidente da FDP, camarada Manuel Pizarro, em todo este processo, quer perante o Presidente da Concelhia da Maia e o seu Secretariado, quer, sobretudo, perante a candidata eleita, Dra. Teresa Almadanim, merecedora de respeito e da defesa da sua honra e dignidade pessoal, o que, verdadeiramente, não aconteceu.
No plano interno esta decisão é antidemocrática, inverte e adultera os resultados eleitorais na CPC e torna vencidos em vencedores. Sem qualquer negociação prévia.
Os quatro fundamentos apresentados para justificar a Avocação são imprecisos, injustos e INACEITÁVEIS por nós, pela direção da CPC da Maia, pela maioria dos militantes e pelos cidadãos maiatos, indignados perante a decisão tomada.
Com efeito, sendo certa a comparação dos resultados eleitorais obtidos nas duas últimas Eleições Autárquicas, trata-se de uma extrapolação incorreta porquanto, o candidato em 2013 foi o camarada Ricardo Bexiga que fez o “sacrifício“ de ir à Maia, num ano eleitoral mau.
O resultado obtido em 2017, não foi por mérito do candidato Vieira de Carvalho ou da coligação imposta à revelia dos órgãos locais, mas fruto de uma conjuntura favorável em que o PS obteve a sua maior vitória autárquica de sempre. Assim, essa comparação teria de ser igualmente feita aos resultados no plano nacional.
Em segundo lugar, a postura da coligação UM NOVO COMEÇO, liderada por Vieira de Carvalho, foi sempre de um total distanciamento para com os órgãos do Partido Socialista da Maia, colocado numa posição secundária e em inferioridade perante o JPP, no Executivo, na Assembleia Municipal e nas Assembleias de Freguesia, com exceção de Águas Santas, a única conquistada por um eleito do PS.
O segundo fundamento omite que, na vigência deste mandato, o candidato Vieira de Carvalho além dos processos judiciais que perdeu para a Câmara Municipal da Maia, foi ele próprio, numa disputa judicial com uma construtora sobre comissões por angariação de obras, considerado devedor, tendo o tribunal qualificado a sua atuação “próxima do tráfico de influência”.
Nenhuma oposição exerceu, não houve uma notícia pública e a assiduidade às reuniões do Executivo, não é mérito para um Autarca eleito.
O terceiro argumento reafirma a reedição da coligação com o JPP, depois do Secretário-Geral deste partido já ter publicamente afirmado a sua corrida a sós na Maia, único município no continente onde, em princípio, o partido se apresentaria a votos. O que significa que consideram a Câmara da Maia, como sua. Basta ir ao site do JPP…
Importa aqui referir que o JPP, na Maia, é “uma barriga de aluguer “onde se acoitaram conhecidos ex militantes do PSD e do CDS locais, que não viram satisfeitas as suas ambições políticas nesses partidos e encontraram no PS uma ponte para os seus projetos pessoais. Na realidade a sua expressão é nula, tendo nas últimas Legislativas obtido na Maia, 145 votos.
Apesar dos esforços do Presidente da CPC da Maia e do seu Secretariado em criar condições para uma oposição conjunta, sendo naturalmente o PS o partido liderante pela força dos votos, nunca houve qualquer aproximação, reunião conjunta ou diálogo, mas um permanente afrontamento. As suas ligações ao PS centraram-se sempre, em Lisboa.
Este distanciamento político e pessoal esteve presente numa carta provocatória e mesmo desrespeitosa, enviada por Vieira de Carvalho ao Presidente da CPC, Paulo Rocha, em 2020 e culminou nas recentes comemorações do 25 de Abril, quando um Vereador e dirigente do JPP, insultou em pleno ato, a deputada do PS Carla Dias, Presidente da Mesa da CPC, tratando-a por “cabra do caralho“, facto aliás relatado na comunicação social. Apesar da gravidade do insulto, do local onde foi feito a uma senhora digna, casada, mãe e com anos de militância no PS, não houve por parte do JPP, nem de Vieira de Carvalho, um pedido formal de desculpas à visada e ao Partido
que ali representava.
Neste contexto, a Direção e os Militantes do PS da Maia, entendem NÃO HAVER CONDIÇÕES para manter uma coligação e um parceiro que, além de nada acrescentar, ainda nos insulta!
Com efeito, não compreendemos por que razão o Partido Socialista não quer apresentar-se ao eleitorado com a sua identidade no concelho da Maia, onde é vitorioso em todas as eleições, preferindo esconder-se numa coligação cujo nome, UM NOVO COMEÇO, indicia a continuidade do legado dos Vieira de Carvalho, um projeto meramente pessoal, que contraria a visão social, de equidade e de desenvolvimento que pretendemos para a nossa terra.
A reedição da coligação com o inexpressivo JPP, apenas serve para camuflar pessoas com anos de militância no PSD, ressabiadas, uma espécie de PSD B, que não querem ir a votos sob a bandeira do Partido Socialista.
Uma eventual vitória NUNCA será uma vitória do PS. A reedição desta coligação que nos está a ser imposta, de forma injusta e sem argumentos válidos, É UMA VIOLÊNCIA para os militantes do PS e tem a nossa total REJEIÇÃO. Apelamos para que se coloquem na nossa posição.
Por último, o fundamento da existência de uma sondagem favorável e que abre uma excelente perspetiva eleitoral omite E NÃO DEVIA FAZÊ-LO, por amor à verdade, que também houve uma outra sondagem, que colocava a candidata Teresa Almadanim em pé de igualdade com o candidato Vieira de Carvalho. Isto, enquanto ela constitui uma novidade e ele vem de um mandato, antecedido de uma campanha.
Esta será UMA OPORTUNIDADE PERDIDA.
Na realidade, a candidatura de uma mulher à Câmara da Maia, pela primeira vez na história autárquica do Município, onde viveu durante dezassete anos, constituirá um poderoso trunfo eleitoral, face à outra candidatura desgastada por sucessivos processos judiciais, para os quais arrasta o PS, que sempre se pôs de fora dessa intervenção.
Apelamos à solidariedade dos camaradas que formam a Comissão Política Distrital, ao seu Presidente, ao Presidente da FDP e respetivo Secretariado, para que façam uma apreciação mais atenta sobre o processo da Candidatura do PS à Câmara da Maia e a sua Avocação.
Queremos a afirmação do PARTIDO SOCIALISTA com uma candidatura própria e com uma candidata eleita, democraticamente, por nós. Queremos que nos respeitem!
Cordiais saudações socialistas.
Secretária Coordenadora da Maia – Soraia Teixeira
Secretário Coordenador de Milheirós – Rui Magalhães
Secretário Coordenador de Gueifães – Francisco Cunha
Secretário Coordenador de Águas Santas – Miguel dos Santos
Secretário Coordenador da Barca – Rogério Rocha
Presidente da Juventude Socialista da Maia – Hugo Salgueiro
Presidente da Mesa da Comissão Política Concelhia da Maia – Carla Dias”