A sociedade tem mudado de forma vertiginosa. Os empregos não são o que eram, a economia não é o que era, a saúde não é o que era, as crenças não são o que eram, as pessoas não são o que eram…
Fruto de uma evolução muito significativa dos cuidados de saúde, quer na sua oferta, quer na sua qualidade, a esperança média de vida tem-se alongado para níveis que arriscaria dizer impensáveis há pouco mais de uma década atrás.
Com esta excelente notícia do desenvolvimento científico, outras preocupações se têm levantado no domínio económico-social. Desde logo, a chamada “terceira idade”, conheceu um novo escalão etário: a “quarta idade”. Por outro lado, e fruto deste desenvolvimento técnico-científico alucinante a que muitos chamam já de “Revolução Tecnológica”, os nossos idosos começaram a ser encarados, de forma cruel, como um problema da sociedade.
A verdade é que outrora senadores com a sapiência inerente a uma experiência que só o percurso da vida sabe dar, esse conhecimento foi sendo paulatinamente desvalorizado por outras características inerentes aos mais jovens.
As novas urbes, para além de dinâmicas, atractivas, empreendedora, tem de ser realistas e objectivas.
A Pessoa Idosa é uma mais-valia significativa neste desenho das novas urbes. Para os mais novos, para os pares, para todos. Com eles existe a certeza que o ponto de equilíbrio social pode ser atingido de forma mais tranquila.
Em pré-época eleitoral (se não é mesmo já a época eleitoral), espero que sejam debatidos papeis, projectos e valores de integração desta mais-valia.
Espero que a sua sapiência e experiência possa ser aproveitada e valorizada.
A cultura do envelhecimento activo é uma realidade que deve começar desde tenra idade, e só com a devida educação cultural se pode chegar lá.
Na Maia já existe o projecto da cidade amiga, que em muito tem contribuído para esta causa. Mas podemos ir mais longe, podemos integrar projectos na escola, formar órgão consultivos, promover actividades de arte, exercício físico, ter equipas de reabilitação física e psíquica no terreno, mas sobretudo ajudar os mais novos a perceber que a velhice é um posto. Posto esse de grande valor que deve ser respeitado e ansiado… Este é o desafio das novas urbes, este é o desafio que os projectos políticos devem responder…
Uma coisa tenho a certeza, para além do que poupamos em custos de saúde, esta integração só nos valoriza… Só temos a aprender…
Ricardo Filipe Oliveira,
Médico;
Doc. Universitário UP;
Lic Neurof. UP;
Mestre Eng. Biomédica FEUP,
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Não escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.