As exportações portuguesas de bens caíram €5,2 mil milhões nos primeiros seis meses de 2020 e mais de metade dessas perdas concentra-se em apenas sete municípios.
Por causa da pandemia, as exportações de bens e serviços registaram uma redução de 39,6% no segundo trimestre, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados históricos do Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta queda, principalmente provocada pela quase paralisação do turismo, foi a maior desde (pelo menos) 1996, primeiro ano da série, representa o dobro da quebra da crise anterior e é possivelmente a maior da democracia.
A redução das vendas ao exterior, seja de bens seja de serviços como o turismo, foi responsável por 4,4 pontos percentuais da queda de 16,3% do PIB no segundo trimestre. Esse foi o contributo da procura externa líquida (exportações descontadas das importações) e é explicado por uma descida superior das exportações face às importações num momento em que a pandemia afetou todo o comércio internacional de bens e serviços.
Já no primeiro trimestre as exportações de bens e serviços tinham registado uma quebra de 4,9%, a maior desde o terceiro trimestre de 2009. Essa foi a primeira quebra após cerca de 40 trimestre consecutivos de crescimento das exportações em Portugal, sendo esta referida como uma das histórias de sucesso da recuperação económica da crise das dívidas soberanas. Na maior parte desse período, as exportações estiveram a crescer a um ritmo superior ao do PIB, ganhando “peso” na estrutura da economia portuguesa, mas agora essa tendência inverteu-se com as exportações a cair bastante mais do que o PIB.
O balanço das exportações a nível municipal, no primeiro semestre, revela que só Palmela é responsável por praticamente um quinto (19%) da totalidade da queda que a economia portuguesa está a sofrer, através das vendas de mercadorias ao exterior. Juntando Lisboa (14%) a Palmela, resulta que os dois concelhos mais exportadores do país absorvem um terço de todas as perdas do primeiro semestre. Somando Vila Nova de Famalicão (5%), Sines (4%), Maia, Setúbal e Vila Nova de Cerveira (todos em torno de 3%) chega-se a mais de 50% da quebra ocorrida nas exportações nacionais.