“Usamos adjetivos a mais. O que, aliás, talvez sirva para encobrir a nossa incapacidade de conseguirmos fazer as coisas.” Francisco Sá Carneiro
I. Decorreu nos passados dias 17, 18 e 19 de dezembro o 39.º Congresso do Partido Social Democrata (PSD), aquele que representa o momento mais alto da vida interna do partido, com a reunião de mais de mil congressistas social-democratas (delegados, participantes, convidados e observadores) no Europarque, em Santa Maria da Feira.
O Congresso do PSD, como já tem sido apanágio nos últimos tempos, foi “morno” e sem espaço e momentos para grandes exaltações ou entusiasmos. A verdade, é que a implementação do método de eleição direta do líder do partido reforçou a democracia interna e o sentido de participação dos militantes, mas retirou algum do interesse e imprevisibilidade que era sempre associada aos congressos do partido.
Assim, com o líder eleito e legitimado, o congresso do PSD serviu essencialmente para os congressistas elegerem os restantes órgãos nacionais do partido, disputarem os lugares no Conselho Nacional (órgão máximo do partido entre congressos) e dar continuidade ao simulacro de discussão política que já vem acontecendo desde há uns anos para cá.
Ora, com eleições legislativas antecipadas para dia 30 de janeiro de 2022 (cerca de 1 mês da data em que escrevo o presente artigo) esperava-se que o Congresso do PSD fosse um momento de grande união e exaltação, em torno de um projeto coletivo, agregador de todos os militantes do PSD e mobilizador da sociedade civil. Esse clamor apenas foi transportado até ao Europarque em dois momentos: nas intervenções de Carlos Moedas e de Rui Rio.
Carlos Moedas, depois de vencer a difícil batalha autárquica para a Câmara Municipal de Lisboa, apresentou-se no Congresso com uma postura descontraída, mas comprometida e com um discurso feliz, motivador e que dá esperança aos militantes sobre as possibilidades de contrariar os “impossíveis”.
Rui Rio, com a sua intervenção no encerramento do Congresso do PSD, foi assertivo a apontar contra o caos na saúde, o facilitismo na educação, a desresponsabilização subjacente aos casos na Administração Interna, o esbulho fiscal sobre a classe média e os cheques em branco a empresas como a TAP ou o Novo Banco. Foi nesta altura que o Congresso viveu o período de maior agitação, com um sentimento de vitória presente no ar e os congressistas a aplaudir de pé a intervenção do líder do partido.
Assim, com uma excelente prestação, Rui Rio resgatou do embaraço a reunião magna do partido e embalou o PSD para rasgar Novos Horizontes para Portugal.
II. O PSD, nas eleições legislativas de 30 de janeiro próximo, tem um dos maiores desafios da sua história. Numa altura em que a esquerda (ainda) é maioritária no parlamento, mas tem sérias dificuldades em estabelecer compromissos, a direita está em plena reconfiguração (o surgimento de novos partidos e o quase desaparecimento do CDS), a “bazuca” exige estabilidade governativa para uma eficaz e eficiente aplicação dos fundos e o povo está cada vez mais descontente e sem confiança na classe política, importa apresentar um plano de ação capaz de dar resposta a estes – e outros – fatores.
A estratégia de Rio pode ser – como aliás tem sido – alvo de críticas, mas a mesma não pode ser acusada de falta de coerência. Desde a primeira hora que o reeleito líder do PSD apostou naquela que é, na minha opinião, uma das suas principais características: a resiliência. Optou por uma postura que apelidou de “séria e sem gritaria”, procurou estabelecer compromissos estruturais para o país com o PS de António Costa (e caiu num engodo), disponibilizou-se para uma “colaboração responsável com o governo” quando a pandemia nos bateu à porta, afirmando que os portugueses reconheceriam esta postura patriótica de colocar os interesses do país à frente de quaisquer outros.
Nos últimos 4 anos, o percurso do PSD foi tortuoso e quezilento (algumas vezes por falta de habilidade para gerir alguns temas) e teve, até às autárquicas de 2021, mais baixos do que altos. A verdade é que nas eleições autárquicas, com a conquista das Câmaras de Lisboa, Coimbra, Funchal e várias no Norte e Centro alentejano, Rio obteve uma clara vitória política e recebeu o sinal de que a sua estratégia e a sua resiliência estavam a dar frutos.
Seguiu-se a instabilidade política provocada pela geringonça com o chumbo do Orçamento de Estado. A geringonça, lembrem-se, surge com um único propósito: afastar o PSD do poder e destruir um projeto político para o país. Como tudo o que nasce com o propósito de destruir, era claro que, mais cedo ou mais tarde, a geringonça acabaria por se destruir a si própria, viciada nos interesses particulares de cada um dos partidos que a compõem e enclausurada nos dogmas radicais propalados pela extrema-esquerda.
Neste particular, Rio também venceu: avisou os portugueses da instabilidade existente entre os partidos de esquerda e da grande probabilidade do chumbo do Orçamento de Estado, com prejuízo real para o país e para todos os portugueses.
Os portugueses precisaram de 4 anos para se habituar a Rui Rio e este precisou do mesmo tempo para se habituar a um país com, regra geral, um modus operandi antagónico ao seu.
Hoje, os portugueses reconhecem que Rio é coerente na ação, honesto, trabalhador e competente. Defende ideias claras, simples e por todos compreendidas. Não é um líder próximo e quente, é antes um homem de poucas palavras, pensamento reservado e autoridade bem definida.
Hoje, em casa, na rua, no trabalho, com os amigos e com a família, sinto, pela primeira vez desde 2015, que o PSD pode voltar a ganhar as eleições legislativas e apresentar-se aos portugueses como uma verdadeira alternativa de Governo.
Hoje, estou certo que Rui Rio é o timoneiro que os portugueses querem, mas estou ainda mais seguro de que o PSD é o partido pelo qual o país anseia.
O PSD é um partido estruturante da vida democrática em Portugal, sendo responsável pelos períodos de maior desenvolvimento económico, social e político do país. É um partido personalista, para o qual o início e o fim da política reside na pessoa humana. Teve sempre a justiça e a solidariedade social, como preocupações permanentes na edificação de uma sociedade mais livre, justa e humana. Valorizou sempre o princípio da afirmação da sociedade civil, entendendo que o Estado não deve chamar a si aquilo que os indivíduos estão vocacionados para fazer. Defendeu sempre a livre iniciativa, caracterizadora de uma economia aberta de mercado.
Portugal e os portugueses precisam de uma nova gestão pública, assente no mérito, na competência e na seriedade. Portugal e os portugueses precisam que lhes devolvam o sonho da realização de uma vida plena, assente na finalidade última de quem está cá: a felicidade. Portugal e os portugueses precisam de um primeiro-ministro reformista e credível, que valorize a atividade política e coloque sempre, mas mesmo sempre, os interesses do país à frente de qualquer outra lógica ou conveniência.
Os portugueses sabem que o PSD, desde Sá Carneiro, é o partido que reformou o país, o partido que nunca se sentiu bem na zona de conforto e sempre lutou contra o status quo que outros insistem em perpetuar.
É por este espírito transformador, mobilizador e prometedor que os portugueses anseiam. O PSD, através da implementação de políticas estruturais, tem de oferecer aos portugueses uma extraordinária capacidade de desenvolver o país. É a coragem para implementar aquilo que é certo, em detrimento daquilo que é fácil que nos é exigida por todos.
Juntos vamos devolver a esperança, a felicidade e a prosperidade aos portugueses.
Juntos, vamos procurar Novos Horizontes.
Juntos, vamos Cumprir Portugal.
Bruno Bessa
Presidente da JSD Maia
Secretário-Geral da JSD Distrital do Porto