“25 de Abril, sempre” é uma das mais famosas frases de ordem, sobretudo gritada pelos partidos da Esquerda. Mas, apesar de ser raro o seu uso entre os políticos do Centro e da Direita, não há qualquer dúvida que o seu significado está bem presente no coração de qualquer democrata português.
Ou seja, há uma “simbologia da liberdade” que é comum a todos os partidos.
Exemplo disso é o 25 de Abril, efeméride que estamos a celebrar. O Dia da Liberdade tem um conjunto de símbolos e de valores que a todos nos unem, e que devemos lembrar permanentemente, sob pena de um dia perderem força.
Quero hoje falar de três valores de Abril: a Liberdade de Expressão, o Poder Local Democrático e a Igualdade de Oportunidades no acesso à Educação.
Comecemos pelo primeiro: a liberdade de expressão. O país de Salazar e de Caetano era o país do partido único, das prisões políticas, da imprensa censurada, da polícia política. Hoje, na era da comunicação, estamos bem alinhados com as redes sociais. Os políticos e os cidadãos têm pleno acesso aos meios de divulgação da opinião e da reação. Mas, podemos discutir a qualidade e os excessos da atual comunicação, tanto nos meios tradicionais como nas redes? Sim, podemos, mas ninguém duvida que evoluímos e que não queremos retroceder.
Relativamente ao poder local, antes de 74 uma parte significativa do país estava bastante isolada, sem redes viárias suficientes, sem iluminação, sem saneamento, sem esperança. Com o poder local democrático e a “descentralização de competências”, Portugal deu um extraordinário salto no desenvolvimento com a construção de infraestruturas mas, fundamentalmente, no equilíbrio social através de políticas de proximidade. Ficarmos hoje sem autarquias seria o mesmo que voltar a votar ao esquecimento mais de metade do território nacional.
Quanto à igualdade de oportunidades no acesso à educação, Abril inverteu por completo a tese salazarista de dar ao povo apenas instrução básica para saber ler, escrever e contar. Estudos “a sério” eram para os ricos. Ora, a liberdade trouxe uma nova realidade ao ensino: a Educação como elevador social, que permite a todos sonhar com uma vida melhor, independentemente das condições de partida. É esse o princípio fundador do ensino como o conhecemos e como o queremos.
Mesmo nas melhores e mais antigas democracias, há momentos bons e maus. Momentos de afirmação e momentos de decadência. É fundamental ter consciência de que as democracias também sofrem riscos. É por isso que dia após dia, ano após ano, tanto os políticos como a generalidade dos portugueses têm de ser capazes de reviver Abril, lembrando-se daquele País amordaçado pelo Estado Novo e das conquistas conjuntas de que todos somos herdeiros.
Numa simples frase, é preciso reviver Abril, sempre!
Emília Santos
Vereadora da Câmara Municipal da Maia