Câmara Municipal do Porto deixa de reconhecer autoridade a Graça Freitas
Rui Moreira já deu a conhecer que é totalmente contra a criação de um cerco sanitário na cidade. O Presidente da Câmara Municipal do Porto afirma ainda que não foi ouvido por nenhum organismo de saúde, nem mesmo diretora da Direção Geral de Saúde, Graça Freitas, a quem não reconhece “autoridade nem competência para tomar uma decisão destas, que só lança o pânico na população”.
Em comunicado, a autarquia afirma que “tal medida, absurda num momento em que a epidemia de COVID-19 se encontra generalizada na comunidade em toda a região e país, não foi pedida pela Câmara do Porto, não foi pedida pela Proteção Civil do Porto e não foi pedida pela Proteção Civil Distrital. Nenhuma destas instituições e nenhum dos seus responsáveis, incluindo o presidente da Câmara do Porto foi contactado, avisado ou consultado pela Direção Geral da Saúde.
A Câmara do Porto garante que “caso a medida, inútil e extemporânea fosse tomada, tornaria impossível o funcionamento de serviços básicos da cidade, como a limpeza urbana (cuja maior parte dos trabalhadores não reside na cidade), como a recolha de resíduos (cuja LIPOR fica fora da cidade), como o abastecimento e acessos a dois hospitais centrais (Santo António e São João) estariam postos em causa”.
Desta forma a Câmara do Porto declara que “não pode concordar com uma medida dessa natureza, baseada em estatísticas sem consistência científica ou fiabilidade, emitidas diariamente pela DGS e cujas variações demonstram a sua falta de credibilidade”.
O comunicado termina com a garantia que “a Câmara do Porto deixa de reconhecer autoridade à senhora Diretora Geral da Saúde, entendendo as suas declarações de hoje como um lapso seguramente provocado por cansaço”.
Presidente da Câmara da Maia já tinha questionado ARS Norte
Na passada terça-feira, a autarquia da Maia informou através de um comunicado que Silva Tiago “evocou a possibilidade de ser decretado o estado de calamidade no concelho e a instituição de um cordão sanitário, mas o principal responsável da administração de saúde do Norte revelou que a situação da Maia não é diferente da maioria dos concelhos do Norte e do País. Acresce que um cordão sanitário se justifica, do ponto de vista técnico, quando se está perante uma transmissão comunitária, não havendo dados, neste momento, que isso se verifique na Maia, onde estão identificadas as cadeias de transmissão do vírus“.
Gaia, Maia, Valongo e Gondomar pediram cercas sanitárias durante a semana passada. ARS Norte recusou.
Na semana passada, a Administração Regional de Saúde (ARS) Norte não via resultados numa cerca sanitária por causa do coronavírus, como acontece em Ovar, e recusou que fosse ativada em quatro concelhos do Grande Porto. A denúncia foi feita pelo presidente da Câmara de Gondomar e da Comissão Distrital da Proteção Civil, Marco Martins. A explicação dada pela ARS Norte ao autarca foi a de que a cerca sanitária não é eficaz, tem mesmo sido dado como exemplo o caso de Ovar, onde os responsáveis da ARS Norte dizem não estar a resultar.
Rui Moreira lançou duras criticas
Numa publicação na rede social Facebook, o autarca do Porto critica a falta de estratégia do Governo para ” para cinco dos seis municípios que mais casos e mais mortes registam: Porto, Gaia, Maia, Matosinhos e Gondomar, de que o Porto é epicentro geográfico, demográfico e hospitalar”. Rui Moreira denuncia ainda que, ignorando o resto do país “com o apoio oficial e da televisão do Estado, decorre um peditório nacional para instalação de um hospital de campanha na capital”.