Foi na passada terça-feira, dia 28 de junho, apresentado publicamente o protocolo entre as empresas Casais, Mota Engil, Teixeira Duarte e o CICCOPN, para a instalação, em comodato gratuito, de contentores dormitórios nas instalações do CICCOPN, para alojar os alunos dos PALOP que estejam em formação.
Numa altura em que o setor carece de 80 mil trabalhadores qualificados, as três empresas, todas presentes no continente africano, ao assinarem este protocolo, comprometeram-se a fornecer contentores dormitórios para incrementar a capacidade de alojamento do centro.
António Carlos Rodrigues, CEO da Casais, revelou que o grupo precisa de contratar mais 1500 trabalhadores nos próximos 18 meses para responder às obras que estão em carteira, ao PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) e para acompanhar o crescimento da atividade internacional.
Já Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), recordou que o setor da construção civil necessita de 80 mil trabalhadores, lamentando que estejam cerca de 26 mil desempregados deste segmento com registo nos centros de emprego “e que não estão a ingressar na atividade”, numa altura em que o setor carece de mão de obra qualificada.
No âmbito do protocolo assinado, Rui Valente, Diretor do CICCOPN, afirma que este protocolo visa a instalação de 2 blocos dormitórios, que compreendem no total cerca de 32 camas.
Desde setembro de 2021, após o protocolo assinado entre o CICCOPN e a Embaixada de São Tomé e Príncipe em Lisboa, o CICCOPN já recebeu cerca de 120 jovens, que integram atualmente a formação profissional no setor da construção civil. A partir de setembro/outubro, são esperados no CICCOPN jovens oriundos de Moçambique, para a qual a instalação destes dormitórios vem apoiar muitos deles.
“É expectável que cheguem mais jovens ao longo dos meses. Prevemos entre setembro e outubro iniciar mais ações de formação com mais jovens, quer de São Tomé, quer de Moçambique”, revelou o Diretor do CICCOPN.
Este protocolo, para além de trazer benefícios ao nível do alojamento dos alunos, traz também vantagens formativas, uma vez que as empresas que fazem parte do acordo, comprometeram-se a receber os formandos para formação prática em contexto de trabalho.
“Há aqui uma intenção clara de promover a qualificação profissional para o setor da construção civil através destes jovens que vêm para Portugal e que queiram ficar no mercado de trabalho português”, enfatizou Rui Valente.
Com a duração de dois anos e meio, o protocolo assinalado atribui dupla certificação, permitindo que estes jovens tenham equivalência ao 12º ano de escolaridade português, assim como a qualificação profissional nas saídas profissionais que estejam a frequentar (eletricistas, técnicos de laboratório, informáticos, entre outros).
No final do curso, os estudantes dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) têm a garantia de, caso pretendam, ficar no mercado de trabalho português ou, se assim o entenderem, regressar aos seus países de origem e Rui Valente explica que “nós CICCOPN não damos a garantia de emprego, quem dá são as empresas. Nós mediamos esse processo de articulação da formação”.
No ano de 2021, ano em que o CICCOPN celebrou 40 anos de existência, foram ministradas ações de formação a cerca de 11 mil pessoas, entre cursos com equivalência ao 12º ano, de reconversão e de atualização de conhecimentos.