O Ministério Público do Porto acusou três familiares, uma advogada e um gestor bancário de crimes de usura e extorsão, através de um esquema que aplicava juros até 350% em empréstimos. A rede terá lucrado mais de meio milhão de euros com estas práticas, segundo investigação da Polícia Judiciária.
O Ministério Público (MP) do Porto apresentou uma acusação contra cinco indivíduos, incluindo um casal, o seu filho, uma advogada e um gestor bancário, por 137 crimes de usura e extorsão cometidos na zona da Trofa. De acordo com o Jornal de Notícias (JN), o grupo oferecia empréstimos a pessoas com dificuldades financeiras, cobrando juros que chegavam a 350%, uma prática muito acima do permitido por lei.
O esquema, alegadamente liderado por um engenheiro aposentado, de 72 anos, terá começado em 2012, quando este passou a conceder empréstimos de forma ilegal, sem autorização do Banco de Portugal. Para angariar clientes, o grupo publicava anúncios em jornais regionais, com mensagens apelativas como “Precisa de dinheiro? Ajudo com cheques”, oferecendo valores entre 200 e mil euros. Segundo a acusação, o valor final das dívidas registadas nos contratos era inflacionado para cobrir os juros excessivos.
O JN detalha que os contratos de dívida eram redigidos de forma a declarar que os empréstimos eram “a título de amizade e sem juros”, mascarando os verdadeiros custos. Para garantir o funcionamento do esquema, um gestor bancário, na altura funcionário da Caixa Geral de Depósitos (CGD), acedia a informações confidenciais sobre as vítimas e facilitava a troca de dinheiro de modo a ocultar os lucros da operação.
Segundo o mesmo jornal ,a Polícia Judiciária do Porto apurou que, entre janeiro de 2016 e agosto de 2019, a rede realizou 137 operações de crédito, obtendo um lucro de cerca de 513 mil euros. As vítimas, em maioria pessoas em dificuldades económicas, eram pressionadas para devolver montantes muito superiores ao que tinham recebido, sob ameaça de extorsão.