Em 2020, um em cada quatro idosos (24%) não tinha dinheiro para pagar aquecimento em casa. Entre os que vivem abaixo da linha de pobreza, mais de 43% não têm como manter a casa aquecida e 9% não conseguem comer uma refeição com carne ou peixe de dois em dois dias, segundo o relatório “Portugal, Balanço Social 2021”, divulgado esta terça-feira, 18 de janeiro, e que resulta de uma parceria da Nova SBE e a Fundação “la Caixa”.
“Estes números podem ainda não refletir o efeito da pandemia porque esta informação sobre privação material, que vem no inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE), foi recolhida nos primeiros meses de 2020. Mas os 43% que não conseguem manter a casa aquecida são já quase metade das pessoas pobres e não se espera que essa realidade tenha melhorado com os efeitos da pandemia”, explica Bruno Carvalho, coautor do relatório, elaborado em conjunto com Susana Peralta e Mariana Esteves, do centro de conhecimento Nova SBE Economics for Policy.
Para o investigador, é “inequívoco” que ainda há muito a fazer para melhorar as condições de vida das pessoas mais velhas em Portugal.
O relatório indica ainda que metade das pessoas acima dos 65 anos não consegue pagar uma semana anual de férias fora de casa e quase um terço não tem capacidade de assegurar despesas inesperadas. Em paralelo, a saúde mental é outro problema e a solidão “é um flagelo que afeta particularmente os mais velhos”, refere o relatório. Quase metade das pessoas com 60 anos ou mais diz sentir-se sozinha frequentemente ou algumas vezes. E, destas, 14% afirmam que a pandemia agravou a situação.