Não há donos do poder. Desengane-se quem acha que pertencemos a uma geração em que bastam uns títulos no Facebook e algum spin para formar opiniões. Desengane-se quem acha que pode ser líder quando não inspira confiança, como produto fabricado pelo sistema, sem qualquer tipo de empatia, sendo artificial e frio.
No espírito democrático que caracteriza a estrutura da juventude social democrata, decorreram no passado dia 4 de Novembro as eleições que escolheram os delegados ao congresso distrital da JSD Distrital do Porto. Opuseram-se duas listas com visões diferentes sobre o que é fazer política com jovens e para jovens.
Sendo eu parte interessada, tendo encabeçado uma das duas listas a sufrágio, cabe-me dizer que nunca eu nem aqueles que a integraram, alguma vez pusemos em causa os 40 anos de liderança exemplar com que o PSD Maia escreveu as páginas mais douradas da história maiata, que elevou o concelho ao estatuto de referência nacional autárquica, como muito deslealmente se tentou fazer crer. Pelo contrário, é precisamente em defesa dessa história e depois de reconhecido pelos meus pares, que me senti no dever de ser o primeiro candidato da lista.
Em causa estiveram a incapacidade desta JSD Maia em comunicar e trabalhar em conjunto com os jovens maiatos. Hoje a JSD Maia fechou-se em torno de si própria e perdeu toda a identidade construída ao longo dos últimos anos. Será que faz sentido existir JSD quando não existe uma identidade própria nem um rumo de encontro aos jovens?
A JSD Maia ainda no ano passado era uma concelhia de referência, tanto no plano distrital como no plano nacional. E é com imensa tristeza que, volvidos apenas 12 meses, fruto de uma guerra surda, que diferencia vítimas, alimentada pela atual comissão política concelhia da JSD Maia, a estrutura está irreconhecível. Esta comissão política vive diariamente com consciência pesada devido a fantasmas do passado. Hoje a JSD Maia assemelha-se a terra queimada, tendo até perdido a Vice-Presidência da Distrital do Porto da JSD, no congresso distrital que ontem decorreu em Valongo. Hoje a linha política já não se rege pela meritocracia nem pela competência e os sucessos do passado não durarão eternamente. Urge voltar a ter uma JSD com valores e competente.
Tanto na política como na vida, não podemos ter memória curta. É preciso lembrar que a ferida foi aberta em meados de 2015, com um movimento liderado pelo atual presidente da comissão política da JSD Maia, alimentado um sentimento de desconfiança e de mal-estar entre muitos dos jovens militantes Maiatos, que se estende até hoje. Acabou o diálogo com os militantes e alguns deixaram até de receber qualquer comunicação. Hoje temos militantes de primeira e de segunda, sendo que as reuniões que eram abertas a quem queria descobrir a política e conhecer melhor a social-democracia passaram a realizar-se atrás de muros bem altos e de portas bem fechadas.
Não podemos esquecer que os auditórios cheios com centenas de jovens maiatos foram substituídos pelas cadeiras vazias.
Quem esteve no passado fim-de-semana na convenção autárquica Maiata não pode deixar de se emocionar e sensibilizar com a intervenção do Eng. Bragança Fernandes, que de acordo com o seu caráter humanista apelou ao diálogo e ao consenso. É esta a natureza do Partido na Maia e sei que é com esse espírito que os jovens querem participar na política. Foi isto que o PSD Maia nos mostrou ao longo de 40 anos. Foi este método que ano atrás de ano renovou maiorias absolutas. É esta a maneira como se formam os líderes de amanhã. Aprenda-se com o seu exemplo. Os jovens não querem saber de guerras, de polémicas ou de agendas. Os jovens Maiatos querem saber única e exclusivamente da sua Maia.
Preocupa-me vivamente que com esta mudança na JSD Maia, o PSD possa não conseguir capturar os votos dos quem em 2017 votarão pela primeira vez. Esquecendo-se que acima de tudo está a Maia, esta comissão política da JSD Maia tem-se pautado por se servir da política em vez de pensar em servir os outros. O establishment está ai ao virar da esquina, pronto a silenciar aquela voz mais incómoda.
Continuarei, sempre que necessário, a relembrar e a defender os ideais que a social-democracia nos ensinou e que foram perpetuados na Maia. Continuarei a lutar tanto pela democracia como pela pluralidade e irei sempre bater-me pela lealdade e pela independência. São estes os pilares da Maia que os jovens Maiatos querem ver renovados em 2017 com mais uma maioria absoluta.
João Carlos Loureiro