1.- O Mundo ou, melhor, o planeta Terra, depende de todos nós e do Cosmos, não são separáveis, tudo é dependente. Um país depende de todos os países e não são camufláveis. As pessoas dependem das outras pessoas, quer estando num país ou noutro país. Tudo é dependente deste grande Universo. A Terra, onde vivemos, é de todos nós e são loucos aqueles que pensam no seu país como “primeiro”. Costumo muito lembrar-me da estória da Torre de Babel: os homens, o género humano, como nos conta o mito de origem do livro bíblico do Génesis, queriam construir uma torre tão alta, tão alta, que chegasse ao céu, para serem um deus todo-poderoso. O que aconteceu, é que a torre caiu! Alguns pensam em construir muros nos seus países – como o trumpismo ou o venturismo – a fim de isolar de possíveis entrada de pessoas, que fogem das guerras, da fome, e querem uma vida melhor ou, simplesmente, gostam de estar em vários países e usufruir das suas culturas. Como na Torre de Babel, esses muros serão derrubados. Alguns até pretendem tomar “posse” de alguns países, como se fossem seus, estou a lembrar-me da Palestina, Ucrânia, Gronelândia ou mesmo o Canadá, no intuito colonial de pilhar as suas terras do “ouro e da prata”, como diz bem o Padre António Vieira: “Se em Espanha não houvera minas de ouro, e prata (das quais diz Estrabo que eram as mais ricas do mundo), nunca os Romanos iriam a lhe fazer guerra de tão longe, nem com tanto empenho, e pertinácia. (…) Não diz que conquistaram os homens senão as minas, porque as minas foram o motivo da guerra, e da conquista.”, no seu Sermão da Primeira Oitava da Páscoa.
2.- No contexto que tenho vindo a descrever, afinal o planeta Terra constitui um grãozinho daquilo que é o Universo, a Criação. Se não podemos, nem devemos, erguer muros sobre as fronteiras dos países, também não se podem submeter as culturas dos povos aos ditames de uns tantos colonialistas, agora de culturas, ou mesmo sociais, ambientais e económicas. Somos um! O bispo José Ornelas, se bem que falasse por ele, declarou numa entrevista à Rádio Renascença, para não existirem duvidas “Quando ouvimos dizer “America First” [América primeiro], é a mesma expressão de ‘”Deutschland über alles” [a Alemanha acima de tudo]. É a mesma coisa: os outros todos passam para segundo plano e só têm lugar no mundo depois de nós”, ou seja, o bispo Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, não possui dúvidas quanto a este Universo que todos e todas formamos. E refere mais sobre os propósitos que estão por detrás disto que é “a teoria que está por trás disto”, não tranquilizando e às pessoas de boa-vontade os “populismos” traçados por quem quer o planeta só para si e seguindo determinados parâmetros fornecedores duma pertença soberania até sobre “o mundo” e apela par não adormecermos sobre estas ameaças: “não vale adormecer, não se pode adormecer neste momento” e “tenhamos esperança e sejamos fundamentadores de esperança”.
3.- Estava prestes a acabar este texto quando surge a notícia do passamento do bispo de Roma, o papa Francisco, para nosso desgosto, já que não tinha terminado a sua peregrinação na Terra. Mas ficamos com clareza a saber do seu “humilde” pensamento que tanto nos ajuda. Sejamos capazes de “não ter medo” e prosseguir com os seus ensinamentos.
Joaquim Armindo – Doutor em Ecologia e Saúde Ambiental