Patrícia Oliveira conta ao NOTÍCIAS MAIA que a maior dificuldade foi a impossibilidade do namorado a acompanhar nas consultas e durante o trabalho de parto.
Gerar e dar à luz um bebé é uma das tarefas mais desafiantes na vida de uma mulher mas fazê-lo em altura de pandemia pode ser ainda mais difícil.
Patrícia Oliveira é maiata, tem 27 anos e passou toda a sua gravidez em pandemia. Agora, já com a Leonor ao colo, conta ao NOTÍCIAS MAIA como foi gerar e ter um bebé em tempos tão conturbados.
Explica que a maior dificuldade foi a impossibilidade do namorado a acompanhar nas consultas e durante o trabalho de parto mas que não se arrepende de ter escolhido esta altura para ser mãe do seu primeiro filho.
Notícias Maia (NM): Quando descobriste que estavas grávida já estávamos no meio de uma Pandemia. Como é que reagiste? Tiveste algum receio?
Patrícia Oliveira (PO): O maior receio que eu tive foi ao saber que o meu namorado não poderia acompanhar-me.
NM: Porque é que não poderia acompanhar-te?
PO: Ao início não estava em Portugal, estava a trabalhar em França, mas depois voltou. Mesmo assim não era possível, porque no hospital não deixavam.
NM: Ele não podia, por exemplo, ir acompanhar os exames?
PO: Exato. Não podia e esse foi um grande medo que eu tive, porque eu ia às ecografias sozinha. E tanto no primeiro trimestre com no segundo, são aquelas ecografias que são essenciais, onde se descobre se o bebé tem ou não algum problema.
NM: Sentias-te sozinha?
PO: Sim, muito sozinha.
NM: O estar fechada em casa durante tanto tempo deixou-te mais ansiosa?
PO: Para ser sincera eu não estive fechada, porque continuei sempre a trabalhar até ao último mês de gravidez. Só estive um mês em casa.
NM: A pandemia não te causou medo?
PO: Passou-me um bocadinho ao lado.
NM: Sentes que esta pandemia te privou de alguma coisa?
PO: Não me privou de muita coisa, foram mais as idas às compras. Comprar coisas para a menina foi complicado, porque depois fechou tudo. Entre amizades, não tenho muitos, portanto não foi por aí.
NM: Conseguiste que a tua família acompanhasse a tua gravidez toda?
PO: Sim, dentro do possível sim.
NM: Nesse sentido foi importante.
PO: Muito!
NM: Como é que foi a experiência do parto? Em que é que a pandemia afetou esse momento?
PO: Foi pelo facto do pai só poder estar presente mesmo na altura do parto em si. Na parte do trabalho de parto eu estive sempre sozinha e custou-me muito, porque estive muitas horas, quase um dia e meio sozinha com dores e sem apoio.
NM: Acabou por te privar nesse sentido?
PO: Sim, porque sem a pandemia os pais podem acompanhar as mães, podem ir a ecografias, consultas, a tudo.
NM: E agora que a Leonor já está cá fora, como é que foram estes primeiros dias? Tinhas medo que a família estivesse perto?
PO: Eu não provei a família mais próxima de estar com a menina. Agora, as pessoas mais afastadas, como vizinhos e amigos dos meus pais, eu disse que não queria. Foram só mesmo os meus pais, a minha avó e pouco mais, porque tinha algum medo.
NM: Tinhas medo que alguém a pudesse contagiar.
PO: Sim, sim.
NM: Acredito que quando uma pessoa tem um bebé gosta que as pessoas o conheçam e o vejam. Sentes que essa parte ficou um pouco pelo caminho?
PO: Sim, sinto! Gostava de andar com a bebé e dizer a toda a gente que já nasceu e não foi possível. Até hoje ainda nem toda a gente a viu e ela até já fez dois meses.
NM: E o que esperas dos próximos meses? Como é que está a correr tudo isto?
PO: Eu vou com ela para o shopping, vamos até à praia, mas sempre com muito cuidado. Quando toco em alguma coisa desinfeto logo as mãos antes de tocar nela, evito estar em sítios onde esteja muita gente e tenho sempre um paninho para a tapar. É uma preocupação em dobro!
NM: E como é que esperas o futuro? Esperas que tudo isto passe?
PO: Era ótimo que isto tudo passasse depressa. Quero muito poder andar com ela à vontade e sem estas máscaras. Ela às vezes fica a olhar para mim de máscara e à procura da mãe.
NM: Olhando para trás, tu tiveste toda a tua gravidez em pandemia. Arrependeste de ter tido uma bebé nesta altura?
PO: Não! Não me arrependo nada. É verdade que tive muitas dificuldades, passei muito tempo sozinha e, até mesmo depois de a bebé nascer, só o pai é que a podia visitar e com um horário restrito. Foi muito complicado mas não me arrependo de nada.