Rui Rio foi eleito Presidente do PSD em 13 de Janeiro de 2018 para um mandato de 2 anos. Nessa disputa com Pedro Santana Lopes (que entretanto se desfiliou do partido e criou um outro…), Rui Rio alcançou cerca de 54% dos votos. Mais de 22.000 votos expressos…
Posteriormente, em 18 de Fevereiro, o Partido elegeu, em Congresso, os seus novos órgãos: Comissão Política Nacional, Mesa do Congresso, Conselho Nacional, Conselho de Jurisdição Nacional e Comissão Nacional de Auditoria Financeira.
No passado dia 11, Luís Montenegro desafiou Rui Rio a marcar eleições directas de imediato, disponibilizando-se ele próprio para concorrer à liderança do PSD, alegando que o “estado a que chegou o PSD é mau, é preocupante e é irreversível”, que Rui Rio havia falhado. E que “se nada for feito, o PSD corre o risco de ter uma derrota humilhante, que até poderá pôr em causa a sua sobrevivência como grande partido”.
Rui Rio não aceitou o desafio, mas solicitou a convocação de um Conselho Nacional extraordinário, para votação de uma “moção de confiança à Comissão Política Nacional”. Reconheçamos, o presidente do PSD demonstrou sentido de responsabilidade, respeito por quem o elegeu, e demonstrou coragem e desapego pelo poder. Sendo que a rejeição da moção de confiança pelo Conselho Nacional faria naturalmente cair a sua Comissão Política.
Ora, o mandato do presidente Rui Rio termina apenas em Janeiro de 2020. Estamos nesta altura a 5 meses das Eleições Europeias, a 9 das Eleições Regionais da Madeira e a 10 das Eleições Legislativas.
Pelo que caso Rui Rio tivesse acolhido o desafio de Luís Montenegro para eleições directas de imediato, o PSD andaria durante mais de 2 meses em campanha eleitoral interna, enquanto os demais partidos, andariam naturalmente em campanha para as Eleições Europeias.
Recorde-se que Rui Rio foi eleito após um longo período de campanha eleitoral, que mobilizou o partido para um debate interno de que não há memória, e que se prolongou por mais de três meses. Disse ao que vinha e a que se propunha. Não enganou ninguém.
E não tenhamos dúvidas que Rui Rio recebeu a confiança da maioria do partido para disputar as próximas eleições legislativas com António Costa e para ser Primeiro-ministro de Portugal.
O PSD lidera a oposição ao Governo Socialista, que é apoiado pelo BE e pelo PCP. E apesar das sondagens que preocupam muitos dos militantes, estou plenamente convencido que o PSD mantém todas as possibilidades de vencer os próximos actos eleitorais. Esperemos pela hora da verdade. Sendo que sou dos que pensam, que as sondagens não podem estar à frente das nossas convicções.
E mesmo que assim não fosse, nada aconteceu até agora de “excepcional “que justifique a interrupção do mandato de Rui Rio e da sua Comissão Política, que mantêm assim toda a legitimidade para continuar a desenvolver a sua estratégia política, que foi aliás, largamente sufragada no último Congresso, como todos sabem.
Pelo que estou plenamente convencido que a larga maioria dos militantes do PSD esperavam, com naturalidade, que o presidente Rui Rio cumprisse com o mandato que lhe confiaram.
O militante Luís Montenegro tem todo o direito à sua opinião, mas conhece bem a importância da estabilidade para o sucesso das estratégias políticas.
O PSD é historicamente um partido que sempre foi capaz de construir a unidade na diversidade. A dialéctica interna sempre foi uma característica deste partido, desde a sua fundação.
Luís Montenegro teve a possibilidade de disputar as eleições internas do PSD em 2018 com Rui Rio, e não o fez. Abdicou mesmo de o fazer.
Invocaram-se agora resultados de sondagens, que o PSD está nesta altura com apenas 24% nas intenções de voto dos portugueses. Mas a verdade é que Rui Rio herdou um partido que nas eleições autárquicas de 2017 tinha alcançado resultados nunca antes experimentados. Em Lisboa apenas 10, 39% dos votos e no Porto 11,22%.
Daí que apesar de todo o respeito e apreço que tenho pela pessoa e pelo trabalho desenvolvido por Luís Montenegro, designadamente enquanto líder parlamentar, a verdade é que não consegui compreender nem os argumentos nem a atitude do mesmo, designadamente nesta altura, em que ainda não se completaram sequer 12 meses de mandato da actual Comissão Política, e em vésperas de importantes actos eleitorais.
É bom que se perceba que o PSD não é apenas património dos seus militantes e simpatizantes. O PSD é um referencial da democracia do país e tem responsabilidades com todos os portugueses. O que não pode ser ignorado.
Os portugueses, mesmo aqueles que não votam habitualmente no PSD, acompanham a vida deste partido e formam opinião. E se o PSD tem a ambição de conquistar novos eleitores, é bom que os seus principais responsáveis e protagonistas valorizem o sentido de responsabilidade, que se por um lado impõe coragem e determinação, também exige ponderação.
Rui Rio e a sua Comissão Política têm o direito e a obrigação de continuar o seu trabalho. Estou certo que esta é também a vontade da maioria dos militantes do PSD e de muitos outros portugueses.
Revejo-me na postura responsável de Rui Rio, de enquanto líder da oposição, privilegiar o superior interesse nacional em detrimento da “costumeira” táctica política. E de que o Governo e Oposição, simplesmente por o serem, não têm de estar sempre de costas voltadas.
O que não significa que também não entenda que devemos afirmar de forma determinada as nossas diferenças. E acima de tudo, construir e apresentar propostas verdadeiramente alternativas.
A coerência, a verdade, o rigor, a competência e o sentido de responsabilidade geram sempre credibilidade. E o povo está atento…muito mais do que parece.
E não é no PSD, que desde sempre afirmamos que primeiro Portugal, depois o partido, e só depois o nosso interesse?
Houve um tempo para divergir, estamos agora na hora de unir e reforçar a nossa ambição de oferecer o nosso melhor por Portugal, que é verdadeiramente a nossa missão.
Daí que não tenha tido qualquer dúvida em votar favoravelmente a moção de confiança apresentada pelo presidente Rui Rio na passada quinta-feira.
Paulo Ramalho
Conselheiro Nacional do PSD